Sustentabilidade na Logística Desafios e soluções
16/07/2025
Da Redação (*)
Brasília – Além de representar um agravamento expressivo frente à tarifa de importação de 10% já aplicada em abril, a imposição de uma tarifa de 50% pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros transcende ao âmbito do comércio bilateral, acarretando implicações relevantes para as cadeias globais de valor da agroindústria de alimentos.
Dada a importância do Brasil como fornecedor consistente de matérias-primas e produtos industrializados – como suco de laranja, proteínas animais, açúcar e café – e dos EUA como um dos principais mercados consumidores e transformadores desses bens, a medida poderia provocar realinhamentos nas rotas comerciais internacionais.
Hoje os EUA são o segundo maior mercado individual do Brasil, atrás apenas da China (ver dados de exportações abaixo). A perda de competitividade no mercado norte-americano levaria o Brasil a ter que redirecionar parte de sua oferta a outros destinos globais, ao passo que os EUA precisariam buscar novos fornecedores, o que não ocorre sem custos nem desafios logísticos, especialmente considerando os volumes envolvidos e a liderança brasileira em diversos segmentos. Essa reorganização tende a gerar repercussões para países terceiros, afetando volumes, preços, contratos e a estabilidade das cadeias produtivas agroindustriais em escala global.
Diante da gravidade da medida e de seus desdobramentos, a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA) defende a retomada urgente de diálogo técnico e diplomático com os EUA. A entidade considera crucial que haja uma articulação institucional para mitigar incertezas e distorções, considerando os efeitos da medida não apenas sobre o comércio, os investimentos e a atividade econômica entre os dois países, mas também sobre variáveis macroeconômicas sensíveis, como a taxa de câmbio e a inflação.
A ABIA reafirma seu compromisso com a cooperação internacional e sua disposição de colaborar com as autoridades brasileiras e o setor privado na construção de caminhos técnicos e diplomáticos que garantam a estabilidade do comércio, a previsibilidade dos investimentos e a manutenção de empregos e produção.
Exportações brasileiras para os EUA
Em 2024, as exportações brasileiras de alimentos industrializados aos EUA somaram US$ 4,5 bilhões — 6,8% do total exportado pelo setor — com alta de 27,9% sobre o ano anterior. Os principais produtos foram proteínas animais (US$ 1,41 bilhão), sucos (US$ 1,19 bilhão) e açúcares (US$ 604 milhões). No segmento in natura, o destaque foi o café em grão, com US$ 1,9 bilhão exportado, representando 80% do total enviado ao mercado norte-americano.
No primeiro semestre de 2025, o comércio bilateral entre Brasil e EUA apresentou expansão significativa em ambas as direções. As exportações brasileiras totalizaram US$ 20,02 bilhões, crescimento de 4,4% em relação ao mesmo período de 2024. As importações originadas dos EUA, por sua vez, somaram US$ 21,70 bilhões, com alta mais expressiva de 11,7%. Como resultado, o saldo da balança comercial — já favorável aos EUA — ampliou-se de forma considerável, passando de US$ 280 milhões no primeiro semestre de 2024 para US$ 1,67 bilhão em 2025.
Especificamente no segmento de alimentos industrializados, as exportações brasileiras aos EUA atingiram US$ 2,83 bilhões no primeiro semestre de 2025, com expressiva alta de 45,0% em relação ao mesmo período do ano anterior. Os principais destaques foram as carnes bovinas refrigeradas e congeladas (US$ 791 milhões, +142,0%), óleos e gorduras vegetais (US$ 262,8 milhões, +84,5%) e sucos de frutas (US$ 743,5 milhões, +68,3%). Esses resultados reforçam a relevância crescente do setor no intercâmbio bilateral e o elevado grau de complementaridade entre as economias.
(*) Com informações da ABIA
A sustentabilidade tem se tornado um dos pilares estratégicos para empresas em diversos setores, e a logística não é uma exceção. Este segmento, essencial para o funcionamento da economia, também é responsável por impactos ambientais significativos, como emissões de gases de efeito estufa, consumo intensivo de energia e geração de resíduos. Diante desse cenário, adotar práticas mais sustentáveis ??na logística não é apenas uma escolha, mas uma necessidade.
Neste texto, exploramos a importância da sustentabilidade na logística, os desafios enfrentados pelas empresas e as soluções que já estão moldando o futuro do setor.
A SUSTENTABILIDADE NA LOGÍSTICA
O setor logístico conecta a cadeia de produção ao consumidor final, mas, no caminho, gera externalidades ambientais que não podem mais ser ignoradas. Entre os principais impactos estão:
Emissões de CO? : O transporte de cargas, especialmente rodoviário, é uma das maiores fontes de emissões globais de gases de efeito estufa.
Consumo de recursos naturais : Desde combustíveis fósseis até materiais para embalagens, a logística consome recursos em larga escala.
Geração de resíduos : Embalagens aplicadas e produtos devolvidos frequentemente acabam em aterros sanitários ou, pior, na natureza.
Ao mesmo tempo, consumidores e investidores estão cada vez mais preocupados com a sustentabilidade das empresas. Segundo estudos recentes, marcas que demonstram compromisso com a responsabilidade ambiental têm maior acessibilidade no mercado, conquistando a confiança de um público mais consciente.
DESAFIOS DE SUSTENTABILIDADE NA LOGÍSTICA
Embora os benefícios sejam evidentes, a jornada para uma logística sustentável enfrenta obstáculos significativos:
1. Dependência do Transporte Rodoviário
No Brasil, mais de 60% das cargas são transportadas por rodovias, um modal altamente poluente. A falta de investimentos em ferrovias, hidrovias e outros modais menos impactantes dificulta a transição para operações mais verdes.
2. Custos de Implementação
Muitas soluções sustentáveis, como veículos elétricos ou sistemas de energia renovável, excluem investimentos iniciais elevados. Para empresas com margens competitivas, esses custos podem parecer proibitivos.
3. Complexidade das Cadeias de Suprimentos
As cadeias de suprimentos modernas são globais e envolvem múltiplos parceiros. Implementar práticas sustentáveis ??requer coordenação e alinhamento entre todos os envolvidos, o que nem sempre é simples.
4. Falta de Infraestrutura
Em muitas regiões, ainda faltam recursos básicos, como estações de carregamento para veículos elétricos ou centros de reciclagem, limitando o alcance de iniciativas sustentáveis.
SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS
Apesar dos desafios, diversas soluções estão sendo desenvolvidas e inovadoras para tornar o setor logístico mais sustentável. Estas são algumas das principais:
1. Transporte Multimodal
A integração de modais como ferrovias, hidrovias e transporte marítimo pode reduzir significativamente as emissões de CO?. Esses modais são mais eficientes em termos de consumo de energia e são ideais para grandes volumes de carga.
No Brasil, o avanço das ferrovias como a Ferrovia Norte-Sul é um exemplo de como a diversificação do transporte pode beneficiar tanto o meio ambiente quanto a economia.
2. Veículos Mais Eficientes
A transição para veículos elétricos (EVs), híbridos ou movidos a biocombustíveis é uma das tendências mais promissoras. Esses veículos não apenas reduzem emissões, mas também diminuem os custos operacionais a longo prazo.
Além disso, tecnologias como pneus de baixa resistência ao rolamento e sistemas de telemetria ajudam a melhorar o desempenho dos veículos.
3. Circular de Logística Reversa e Economia
A logística reversa, que inclui o recolhimento de produtos e embalagens usadas para reaproveitamento ou reciclagem, não é centro de economia circular. Essa prática reduz o desperdício, aumenta a eficiência no uso de recursos e melhora a percepção de sustentabilidade por parte dos consumidores.
Empresas de e-commerce, por exemplo, estão criando programas de devolução de embalagens que não apenas minimizam resíduos, mas também fortalecem a fidelidade do cliente.
4. Armazéns Sustentáveis
Centros de distribuição e armazéns estão adotando práticas como o uso de energia solar, iluminação LED e sistemas de automação que economizam o consumo de energia. A certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) é um exemplo de padrão para edifícios sustentáveis ??que estão sendo cada vez mais aplicados no setor logístico.
5. Tecnologia e Digitalização
As soluções digitais estão transformando a logística em todos os níveis. Ferramentas de roteamento inteligente e gestão preditiva, baseadas em inteligência artificial e big data, ajudam a otimizar rotas, reduzir o consumo de combustível e prever demandas de forma mais eficiente.
Além disso, as plataformas digitais promovem a colaboração entre empresas, permitindo o compartilhamento de recursos, como veículos e armazéns, o que reduz custos e o impacto ambiental.
6. Embalagens Sustentáveis
As empresas estão atualizando plásticos aplicados por materiais biodegradáveis ??ou reutilizáveis. Além disso, a redução do tamanho das embalagens e o uso de designs otimizados ajudam a diminuir o consumo de materiais e o peso transportado, gerando economia de combustível.
O FUTURO DA SUSTENTABILIDADE NA LOGÍSTICA
A sustentabilidade na logística não é apenas uma demanda ambiental; é uma oportunidade de negócios. Empresas que adotam práticas sustentáveis ??não apenas economizam custos e riscos, mas também ganham vantagem competitiva em um mercado cada vez mais exigente.
O futuro aponta para um setor mais integrado, colaborativo e movido por tecnologia. Governos, empresas e consumidores têm papéis fundamentais na transição para uma logística mais verde, seja incentivando políticas públicas, adotando novas tecnologias ou apoiando marcas comprometidas com a sustentabilidade.
Fonte:
https://mundologistica.com.br/